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Professora Rosemary Ramos conduz jornada pedagógica na F2J

Novas tecnologias, alunos como colaboradores do processo de ensino e aprendizagem serão outros dos temas abordados [...]

Fotos: Freestock e Arquivo pessoal

Pós-doutora em educação, a professora Rosemary Lacerda Ramos conduzirá a Jornada Pedagógica da Faculdade 2 de Julho nesta sexta-feira, 27, a partir das 18h30. Com o objetivo de reunir a equipe de docentes da instituição para discutir os desafios próprios do processo de ensino, o encontro terá como direção as metodologias ativas, ações que buscam tornar o estudante um colaborador nas práticas voltadas para a aprendizagem. “Muito mais do que uma ou outra técnica, metodologia ativa significa processo, pois requer, além de estratégias, atitude de abertura ao diálogo, à cooperação, à cocriação tanto do docente, quanto do discente e da instituição, no processo de ensinar e aprender”, aponta a professora Rosemary Ramos. Nessa entrevista, ela aborda conceitos importantes como a adoção da leveza e do uso de novas tecnologias.


Em que consiste a chamada metodologia ativa e quando começou a sua aplicação em práticas educacionais no Brasil? 

Rosemary Ramos:

As “Metodologias Ativas” consistem em estratégias integradas ao processo de ensino aprendizagem que mobilizem, envolvem, instigam o estudante no ato de aprender como protagonista, ativo e cocriador. Muito mais do que uma ou outra técnica, significa processo pois requer, além de estratégias, atitude de abertura ao diálogo, à cooperação, à cocriação tanto do docente, quanto do discente e da instituição, no processo de ensinar e aprender. Quanto ao inicio de sua aplicação no Brasil, podemos citar as proposições de Anísio Teixeira na década de 30 quando, junto a outros educadores da Escola Nova, difundiu no Brasil a Pedagogia de Projetos, uma metodologia surgida no início do século, com John Dewey, William Heard Kilpatrick e outros representantes da chamada Pedagogia Ativa. Interessante saber que desde 1918 Kilpatrick defendia a idéia de projetos como uma atitude didática pois “o projeto constitui uma atitude intencional, com sentido, que se realiza em um ambiente social…, um ato interessado em um propósito”. Qual a novidade no Brasil? A sua aproximação à Educação Superior, pois a Educação Básica já vem desenvolvendo abordagens metodológicas ativas (embora nem sempre saiba que o faz), desde a difusão da teoria construtivista, de Jean Piaget. Lógico que nem todas as escolas o fazem, mas as experiências já são inúmeras.

A Sra. dá uma grande ênfase ao ensino com leveza em um momento em que estamos diante de tanta circulação de informação e acesso às diversas tecnologias. Como conciliar questões que, aparentemente, para muitas pessoas,  estão em dois extremos?

Rosemary  Ramos: Primeiro, não penso na educação e na circulação de informação e acesso às diversas tecnologias como extremos. Acredito que estão intimamente imbricados, interconectados, integrados. A separação quem faz somos nós a partir de crenças limitantes que possuímos, muitas vezes por certas inabilidades tecnológicas. As tecnologias, especialmente as digitais, são desafiadoras, possuem muitos elementos lúdicos, além de nos colocar em contato com o outro e com o conhecimento de forma veloz e intensa. Aliadas à arte e a ludicidade, bem como a estratégias metodológicas ativas, podem transformar o ato de ensinar e aprender em um processo estimulante, desafiador, criativo e lúdico. Isto traz leveza. Há densidade na profundidade com que os conhecimentos são tratados no espaço pedagógico, bem como nos desafios propostos e nas aprendizagens consolidadas. Mas pode haver, também, leveza a depender das estratégias, das atitudes e da mediação didática adotada. Parece contraditório, mas é perfeitamente possível. E afirmo porque o faço.

Pós doutora em Educação, a professora Rosemary Lacerda Ramos conduzirá jornada pedagógica na F2J

Em sua avaliação, quais as principais características que uma prática educacional que se apresenta como inclusiva, dinâmica e transformadora deve oferecer? 

Rosemary  Ramos: Abertura ao diálogo, dar voz ao estudante para que revele suas hipóteses, os caminhos adotados em seu percurso de aprendizagem. Compreensão de que dinâmica da sala de aula é ativa: há movimento todo momento e não só do professor, mas dos estudantes e do próprio conhecimento em si. Adoção de designs metodológicos ativos e problematizadores e tecnologias analógicas ou digitais que fortaleçam o processo. Reconhecimento de que as interações inter e intrapessoais são importantíssimas para o sucesso, especialmente quando levam os partícipes ao conhecimento de si ou ao seu autoconhecimento, bem como conhecimento do outro e do seu contexto social.

Hoje as tecnologias de comunicação e informação como o whatsapp fazem parte da rotina dos estudantes. Há educadores que as encaram como invasivas no processo educacional; outros já os consideram como bons aliados. Como a Sra. avalia esta tecnologia do ponto de vista educacional? 

Rosemary  Ramos: Como dizem os meninos “sou super de acordo”. Não consigo mais pensar minha prática pedagógica sem os recursos tecnológicos. Aliás, nem recordo como vivi sem ela. Compreendo que ela é uma excelente aliada, especialmente para fomentar interação, rapidez de acesso à informação, potencializar a coparticipação e cooperação. São inúmeros os argumentos.Para quem deseja aprofundar-se sobre o uso do Whatsapp na educação, sugiro a leitura do livro Whatsapp e Educação,  organizado pela professora Cristiane Porto, especialmente o artigo de minha autoria, intitulado “Ciência com Leveza: o WhatsApp como artefato pedagógico na disciplina Metodologia do Trabalho Científico”.

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