Especialistas em comportamento alertam para o fato de que tanto o jogo Baleia Azul quanto a série do Netflix 13 Reasons Why são gatilhos de um problema muito mais grave e que leva as pessoas a cometerem suicídio: a depressão.
Preocupada com as notícias divulgadas recentemente pelos meios de comunicação dando conta do suicídio de jovens nos estados de Mato Grosso, Minas Gerais e Paraíba, supostamente motivados pelo jogo de desafios Baleia Azul e por 13 Reasons Why, série do Netflix, a direção da Faculdade 2 de Julho vem a público apresentar algumas informações que acredita poderem ajudar país, familiares e professores a identificar problemas comportamentais em seus filhos/ alunos de modo a prevenir problemas mais graves.
O objetivo do jogo Baleia Azul, que tem os adolescentes como alvo principal, é lançar 50 desafios aos participantes via mensagens de WhatsApp – muitos deles demandando automutilação e incentivando os jovens a se colocar em situação de perigo. O último seria tirar a própria vida.
A série do Netflix, que também tem atuado como gatilho para que jovens cometam suicídio, traz a história de uma estudante que se mata depois de sofrer agressões de colegas na escola. Antes se suicidar, ela grava vídeos destinados a 13 pessoas falando para cada uma como tiveram um papel decisivo para sua morte.
Especialistas em comportamento alertam para o fato de que tanto o jogo quanto a série são consequências de um problema muito mais grave e que leva as pessoas a cometerem suicídio: a depressão. Em um vídeo sobre o grave problema, o conhecido youtuber Felipe Neto, diagnosticado com depressão há sete anos e que tem mais de 10 milhões de seguidores entre adolescente e jovens na web, afirma:
“Quero trazer coisas aqui muito importantes sobre a depressão, muito mais importante que o jogo. O jogo é assunto sério, que precisa ser debatido. Mas o que é esse jogo? Vocês acham que o jogo da Baleia Azul é o responsável pela morte desses jovens? Eu não gostaria de acreditar que alguém saudável, estável psicologicamente, jogue um jogo desses e termine se matando”, afirma Neto no vídeo que já foi visto por mais de 4,5 milhões de pessoas e com quase meio milhão de comentários.
Felipe Neto descobriu que tinha depressão após crises de ansiedade e de pânico o levarem a procurar ajuda clínica. Por ser filho de um psicólogo, ele teve um pouco mais de facilidade para identificar e lidar com a doença.
Ele enfatiza a importância de se aproveitar o momento em que o tema suicídio vem à tona para falar de suas reais causas. “A depressão e os transtornos mentais reagem a determinados gatilhos, que podem vir de uma série, de uma conversa, de uma palestra, de um jogo. O que eu acho importante é entender que o jogo em si é consequência, não é causa. Não acho que uma pessoa saudável mentalmente se mate por diversão. Isso é a consequência, e temos que tratar a causa”, afirmou.
Em torno de 5,8% da população brasileira tem diagnóstico de depressão e, para o youtuber, os casos podem ser muito mais numerosos se forem consideradas as pessoas que ainda não buscaram ajuda médica. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), quase 100% dos suicídios são consequência de doença mental.
Ainda de acordo com a OMS, o Brasil é o país que mais registra casos de depressão na América Latina e, considerando todo o continente, fica atrás apenas dos Estados Unidos. Um outro dado também chama a atenção: o Brasil é o oitavo país do mundo onde se cometem mais suicídios.
De acordo com a coordenadora da comissão de estudo e prevenção de suicídio da Associação Brasileira de Psiquiatria, Alexandrina Meleiro, em entrevista à BBC Brasil, é preciso aproveitar o fato de os relatos do jogo Baleia Azul e o lançamento da série da Netflix 13 Reasons Why , que também trata de suicídio, terem trazido o tema à tona para combater os preconceitos e os tabus atrelados a ele.
“Eu acho bom que esse seja o assunto da moda no momento, porque (a abordagem de) um assunto tão cheio de tabu, de preconceito e de estigma traz à tona a importância de a gente olhar para os jovens que estão sob risco, para que a gente possa reverter a situação e fazer a prevenção”, diz.
É importante mostrar a essas pessoas que elas não estão sozinhas, lembra Neto no vídeo. “É preciso dizer que não é impossível sair dessa fossa que estão, que não é tão difícil quanto parece. Que elas só têm que dar a mão para alguém ajudar.”
Conscientizar, educar e prevenir seriam as melhores armas para combater a depressão e sua pior consequência – o suicídio -, explica Alexandrina Meleiro. Pensar ou desejar a morte não é “anormal” ou necessariamente problemático – mas passar disso para um planejamento de execução, ela esclarece, é sinal de alerta.
A Associação Brasileira de Psiquiatria destaca que é preciso estar atento à mudança de comportamento para identificar sinais de depressão ou de possíveis distúrbios mentais que possam levar ao suicídio.
Uma vez identificados sintomas, como os pais ou as pessoas próximas devem agir? Procurar a imediata ajuda profissional.
Núcleo de Atendimento Psicopedagógico
A Faculdade 2 de Julho coloca a disposição de seus alunos o Núcleo de Atendimento Psicopedagógico. O núcleo atende alunos que estejam, além de problemas relativos à aprendizagem, com dificuldade de sociabilização ou adaptação, portadores de algum transtorno comportamental ou de estrutura de personalidade, entre outros, orientando pais e professores qual o procedimento a ser adotado ou fazer o encaminhamento adequado.
Outras recomendações:
– Conversar com os filhos e alertar para os riscos do jogo da Baleia Azul.
– Alertar os filhos para o perigo de adicionar estranhos nas redes sociais.
– Acompanhar o uso de smartphones e redes sociais.
– Controlar o uso da internet em determinados horários.
– Ficar atento a qualquer mudança radical no comportamento de crianças e adolescentes.
– Acolher os filhos e conversar sempre que notar neles algum desconforto.
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